Tristeza

Esta minha enfermidade,
Carraça de um corpo debilitado,
Empresta tal morrinha á minha alma
Que exaspero impregnado.
Sou escravo dela por meu corpo.
Odeio o meu corpo por ela.
Posição insustentável de insatisfação.
Despertares que desejo serem derradeiro.
Prisioneiro de cólicas de ideias
E vómitos de palavras.
Detesto tudo o que escrevo
Porque tresanda a doença.
Diarreias de sentimentos,
Febres, suores frios de pensamentos.
Odeio-me e a morte que não chega
Penso em apresentar-me a ela, apressar o encontro.
Mas sou um cobarde acomodado ao sofrimento
E ao invés perco-me de tanto que me lamento.
Sou triste, por opção, deito-me com a dor
E acordo com o desgosto de querer ser algo para o qual não tenho coragem.
Sou maltratado, implicitamente, por quem percebe a minha debilidade
E não tenho forças para reagir, esgotei-as com a dor de me perceber triste.
Sou marginal, por opção e empurrão, sou e fui forçado,
E reajo, mas no sentido errado, é a mim que faço mal.

Esta minha enfermidade identificada como:
Própria-de-quem-não-teve-uma-infância-fácil
Tem uma existência própria que ofusca a minha,
Desfaz-me, para se concentrar,
Faz-me perder quando se encontra,
Afasta-me para que possa brilhar,
Abafa-me para que possa respirar,
Enclausura-me para se sentir livre, é livre.
E vive enquanto eu desejo morrer
E deseja e eu inerte
E eu sou triste por opção
Mas a doença foi imposta
Pai/Mãe um sincero obrigado!


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Comments

1 said…
do bairro da lata
abraços

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