Usurpador
Tomas por teu o que nunca poderás ter, com as tuas patas sujas adulteras a pureza das palavras. Colhes frutos das terras que não lavras. Quando te vangloriam pelo esforço dos outros sentes prazer. Abomino-te, e sirvo-me da originalidade para te dizer. Consegues dormir com as ideias, tal meninas, que depravas? Se até o teu próprio desenvolvimento intelectual entravas, Serás para sempre uma réplica de algo que nunca poderás ser. Que cada palavra usurpada seja uma gota de veneno purificador E te vá matando aos poucos, de remorso, usurpador. Serei então feliz, e posso encontrar a paz a que aspiro. És um verme da cultura, a erva daninha que rodeia a flor, Lombriga enquadrada, sem a mente dos outros nunca terás valor. De todos os insultos que te dirigi nem uma vírgula retiro.