Observar

Fiquei a observar-lhe o rosto,
fixar as expressões a cada momento que passava junto a mim,
coleccionei a sua dentição por vezes coberta pelos seus lábios carnudos, húmidos.
Senti o seu respirar no meu pescoço,
enquanto dormia e se sentia segura.
Os seus cabelos pertenciam ao espaço que fica entre os meus dedos.
E a cada carícia afastava os seus mais arrepiantes medos.
Os beijos – mais que na boca – na face aproximavam-nos,
Disse-me que lhe eriçavam os minúsculos pêlos que faziam companhia à sua coluna vertebral, os mesmos que noutras alturas acariciei com as pontas dos dedos em sentido contrario à sua disposição natural provocando sensações similares.
Aqueles ombros estreitos e côncavos atestavam da sua fragilidade,
em cada abraço a envolvia
e a cada abraço ela se extinguia.
As suas mãos de tamanho reduzido,
sensíveis,
vítimas das intempéries – vi-as eu de roxo a rubro – massajei-as de tempos a tempos,
e recebi a ternura de um sorriso qual cartaz publicitário – venha passar ferias a Benidorm, será bem recebido.
E era o céu dos pecadores nesses momentos.

Mas foi o seu pescoço nu que realmente me cativou desde cedo.
E mil vezes ensaiei aquela cena antes de a concretizar.
As minhas mãos colocadas de forma a acariciar com os polegares
uns olhos cristais preciosos protegidos por pálpebras frágeis,
enquanto os mindinhos enfiados entre as orelhas finas
limpas de brincos e o prolongamento da face até à nuca.
Quando a tensão desaparece, espelhada na respiração calma,
quase dormente, a mão esquerda abandona a sua posição original
e vai rodando no sentido dos ponteiros do relógio
até o dedo apontador encontrar o pulso da mão direita.
A mão direita avança suave e compassadamente pelo lado direito do pescoço
até à região lombar, sem que se quebre a ligação com a mão esquerda.
Nesta posição a parte interior da mão está posicionada sobre a sua boca entreaberta.
Então no momento em que a parte interior da mão é acariciada por uma língua perversa – capaz de provocar as maiores explosões de prazer –
empurro violentamente para a esquerda
um queixo desprevenido confiante e certo
de forma a partir aquele pescoço que me fascina
numa só tentativa
sem gritos ou dores desnecessários.
E a expressão de segurança que era transmitida pelos olhos cristais é substituída pelo terror e quando a minha orelha se aproxima dos lábios carnudos espero ouvir o último suspiro...

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Comments

Anonymous said…
crap...sick as you are
Anonymous said…
és um empurra-cocós

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