Saliva
Não tenho medo de saliva quente a lavar-me as entranhas
Eu cultivo o contacto com situações estranhas
Respeito as opções dos outros mas não aceito imposições
Ou que as minhas escolhas me empurrem para o centro das atenções
Necessito de experimentar tanto como do ar que respiro
Primo por tentar dar sempre mais do que retiro
Celebro castigos consentidos e consinto castigos
Procuro cogumelos nucleares, não me escondo em abrigos
Arrisco reprovação social e despeito generalizado
Não aceito que tribunais populares me considerem culpado
O manto de clausura que me cobre e protege é transparente
Nada tenho a esconder da elite ou da gente
A minha privacidade não contém zonas pintadas a cinzento
No meu passado não mora qualquer vergonha ou lamento
Confronto sempre as situações dúbias antes que se tornem certezas
Não abandono as discussões apenas porque se tornam mais acesas
Memorizo cada pormenor, cada instante
Sinto que me rasgas com a tua língua cortante
Fazes-me chorar de prazer
Sinto-me renascer
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